A ligação

Cinco horas da manhã. O telefone toca sem parar. Atendo a ligação: - Alô? Quem é?

De repente um tum tum tum na linha. Caiu a ligação.

Passam-se 3 minutos e o telefone volta a tocar. Agora sou eu quem escuto aquela voz: - Alô, quem fala? Alguém está me ouvindo? Responda!

Novamente aquela curta e inconveniente conversa é imterrompida por aquela nova canção que diz, tum tum tum...

Eu já havia perdido o meu sono e não conseguia acreditar que aquela "bendita" ligação não havia sentido.

Quem será? Não posso acreditar que é ele. Seria estranho ouvir tua voz depois de tanto tempo. Eu repetia essas mesmas frases diversas vezes para mim mesma, com a doce esperança de que fosse ele.

Agora já são seis da manhã, estou deitada na cama, travesseiro no rosto, cabelos assanhados, roupa dobrada, o sol batendo na janela e com a mesma dúvida. Quem será?

Fecho os olhos e forço um sono que não acontecerá e minha tentativa é interrompida, com aquele novo toque no telefone. Atendo desesperadamente e quando termino de dizer alô, aquela voz estúpida diz que ligou mais cedo por engano e pede desculpa pelo incômodo. Fala sério! Que tremendo filho da mãe. Liga errado para minha casa, me acorda, interrompe meus pensamentos, me faz criar expectativa e ainda quer que eu desculpe. Nem pagando ( eu já estava com muita raiva), eu nem conhecia aquele ser que me acordara, mas já tinha tanta raiva dele, que sem pensar e nem dizer uma única palavra desliguei o telefone e me afundei na minha cama, desejando desesperadamente voltar para meu belo sono que havia sido interrompido por mais um estúpido que liga enganado para outras pessoas.

O dia mal havia começado e aquele infeliz, sem ao menos me ver, despertou um turbilhão de emoções ( negativas por sinal).

Nunca descobri quem era, mas a partir daquele dia eu sempre desligava o telefone antes de dormir e deseja que todas as manhãs alguém ligasse por engano, para casa daquele humano que nunca conheci e que graças a Deus e feliz para ele, nunca o conhecerei.