Morte

Essa pequena palavra é tão forte. Desde sempre a humanidade coexiste com ela diariamente, mas nunca ninguém está preparado para recebê-la. Em alguns países ela possui um significado muito diferente do nosso, representando uma forma de exaltação, sacrifício. Incrível como a cultura diversificada indica “n” valores para uma mesma coisa. O fato é que no mundo ocidental morrer não é algo esperado (tão pouco desejado) por ninguém. Não importa como anda a sua conta bancária, se você está solteira, o seu time perdeu, sua empresa faliu, seu cachorro morreu, a violência no seu país ganha proporções desmedidas, ninguém quer morrer (exceto os suicidas, eles não estão conscientemente bem). O mundo pode esperar a terceira guerra mundial e você irá ouvir súplicas implorando por vida: eu sou tão jovem; eu nunca tive filhos; acabei de me casar; eu tenho uma mãe doente; o sustento da minha família depende de mim; eu terminei minha faculdade agora; eu vou ser avô; quem vai cuidar dos meus filhos? Indagações como estas não saem da mente de pessoas que sentem-se próximos da morte. Hoje é uma tarde de segunda- feira e eu estou em casa sozinha (não fui para a aula), alarmada com uma nova doença que afeta o mundo inteiro – a influenza H1N1, estou gripada e confesso que o medo de ter sido afeta por está infecção me preocupa deveras. Leio e releio os sintomas, e não consigo acreditar que posso estar com uma simples gripe ou ter sido acometida por algo inesperado (essa dúvido me atormenta). Eu não quero morrer agora. Por alguns instantes eu fico extasiada com a minha imaginação, pensando como será o mundo dos que fazem parte da minha vida se eu partir hoje. Creio que muitos irão dizer: tão jovem, tanta vida pela frente. Triste pensar nisso (mais triste o medo que há dentro de mim). Eu não quero morrer, agora não. Em breve recuperarei minhas forças e irei sorrir quando ler novamente o que escrevi nesse texto (se eu não morrer antes, claro). Quero afastar esses pensamentos infrutíferos de mim, mas cada tosse que sai da minha boca deixa-me alarmada.