Diga Não!

Eram 10 horas da manhã. Havia tomado café, arrumado a casa e terminara de sair do banho. Quando lembrou-se daquela data. Fazia cinco anos, mas o dia 27 de agosto marcaria para sempre a sua vida. Queria voltar ao passado e fazer tudo diferente, mas nada podia fazer.
Hoje 27 de agosto de 2009 poderia ser um dia de festa. Certamente ela teria acordado mais cedo e estaria animada com os preparativos daquele dia. Mas o rumo que tomara para sua vida era outro. Agora com 24 anos, solteira, amargurada e sem expectativas de mudanças, ela chora amargamente aquela dura decisão que não fora obrigada a tomar, mas que considerava uma fuga para futuras obrigações.
O seu bem maior já tinha nome, mas ao sentir-se abandonada e rejeitada pelo seu parceiro ela tirara a vida de quem mais amaria. Fernanda não era mais um sonho, um desejo, uma expectativa. Sua mãe não permitiria que ela contemplasse a luz do sol, o prazer de um sorriso, a emoção de uma lágrima, o sabor de um beijo. Ela era tão pequena e perdera a sua vida apenas com 3 meses, Fernanda nunca veio ao mundo, nunca deu seu primeiro sorriso, seus primeiros passos, não teve a oportunidade de abarcar e beijar sua mãe, por que nunca a conhecera morreu sem saber que aquele alguém que já tanto amava tirara a sua vida, por não se sentir capaz de cuidar e amar você. Aborto é crime. Não pode-se tirar o direito de alguém viver.